Wednesday 29 September 2010

Sonhos de acido tinto by Sandra Saldanha


Sonhos de acido tinto

Vou bordar teu nome em minha pele umida e fria,
ate tirar todo sangue de tuas veias palidas.
Vou escrever nossa historia no concreto do chao da igreja,
onde voce descansa seus joelhos enrugados e velhos  durante a missa...

Vou segurar teu sorriso aflito entre meus dentes,
e engolir aos poucos tua saliva amarga.
Vou vestir seus trapos e sonhos,
e me jogar num rio cheio de acido vinho tinto.

Quando a noite chegar outra vez, 
levando o dia e a luz pro outro lado do mundo...
Vou me enrolar em volta de teus pes cancados,
e chorar um choro calmo e aflito.

Quando o dia voltar, um dia, 
voltar com toda sua luminosidade e alegria,...
vou dancar no meio da praca vazia,
 segurando teu retrato e teus chinelos sem tira,
 enfeitados com os fios dos teus cabelos brancos.

Vou cantar uma cancao que ouvi na tua cozinha insipida.
e cortar tua voz com uma faca afiada e cinza.

Outras noites e dias virao, enquanto sentamos em nossas feridas,
  mas vou sobreviver ate o resto de nossas vidas,
sonhando que voce foi parte de todos os meus dias.

Photo and Poem by Sandra Saldanha


Photo by Sandra Saldanha

Wednesday 15 September 2010

A Pequena Morta



A pequena morta

O amor nao me cabe, nao me serve.
Se perde em minhas curvas tortas e tontas, 
remendadas pelo avesso.

Aqui, so, eu me encontro,
despida e nua.
Sozinha de tudo e de todos,
perdida no vies da tua saia,
 manchada e suja.

Sem voce, sem ninguem,
Aqui me encontro,
Despida e nua.
Custurada,
Como uma colcha de retalhos velhos,...
Util, confortavel, quente e esquecida,
 no fundo da gaveta escura.

Aqui me encontro,
Despida rasgada e nua,
Dobrada, embolorada, esquecida e triste.
Sem ninguem , sem voce,
Perdida, bordando teu nome,
 na parede umedecida e fria.


Poema e Foto de Sandra Saldanha